Eu sei, o ano já começou faz um tempo, mas, ainda que eu viva em Stuttgart, na Alemanha hoje, ainda tenho aquela sensação brasileira de que o motor começa a arrancar de verdade mesmo, depois do carnaval. Um carnaval que ainda não é livre pra ser pulado no meio das multidões, mas que segue trazendo, na raiz da palavra, a carne, a matéria, aquilo que quer encarnar, desde os nossos sonhos para esse ano até as realizações visíveis e audíveis.
Para quem começou o ano em imersão, trabalhando a voz essencial (como eu, no final da minha formação de terapia com voz), constatar o poder das vibrações dos sons, dos aromas, do toque, do olhar, faz o carnaval já deixar de ser tristeza, pela festa grandiosa que não vai acontecer e passar a se apresentar como um momento arquetípico que celebra a necessidade humana de estar no corpo e trazer para o nível do corpo toda a sua vitalidade.
Então, a bateria dentro de mim diz que quer desfilar e, pasmem, quer que eu seja a rainha. De cabeça erguida e corpo quase desnudo, o tum tum tum no coração confirma que é a minha presença que vai animar, entusiasmar e sustentar o ritmo desse batuque que acorda o chão pra que eu mesma possa pisar e caminhar o 2022 com o colorido que vislumbro.
E você? Já ouviu o tambor te chamar para esse ano? Quais são as cores do seu samba?
Ou tá na arquibancada, sem coragem de pisar na avenida? Não importa. Ainda estamos em tempo de abrir alas para o que é importante para cada um de nós.
Estou numa alegria carnavalesca, porque a Escola Humana vai nos apoiar nesse movimento criativo durante os meses de Fevereiro e Março e euzinha aqui, junto com uma equipe fabulosa de professores, além de convidados interessantíssimos, vamos encarnar os encantos do processo criativo, em algumas das suas infinitas perspectivas.
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