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O impacto das escolhas

O jornal britânico The Guardian publicou, em 2012, o resultado de uma experiência comportamental que consistia em pedir a um grupo de participantes que apontasse as decisões tomadas no passado das quais mais se arrependiam. O resultado mostrou que, a maioria das pessoas se arrependia de fatos como não ter passado mais tempo com a família, não ter ajudado a um amigo quando precisava, não ter respeitado os pais e outras no mesmo estilo. Os pesquisadores puderam comprovar, que indivíduos nutrem dor mais pelos seus fracassos em decisões ligadas ao nosso dever moral, em detrimento de falhas em outro tipo de decisões que poderiam estar mais ligadas às nossas necessidades materiais como por exemplo, se arrepender de não ter se preparado melhor para uma entrevista de emprego ou de não ter comprado ações de determinada empresa na bolsa.


Isso nos deixa a seguinte reflexão: qual será a razão que leva os indivíduos a adotarem comportamentos muitas vezes egoístas, individualistas e motivados pela própria cobiça e ganância, dando as costas literalmente para deveres comunitários? Por que será que esses mesmos indivíduos conseguem depois olhar para o seu passado e trazer o arrependimento de decisões tomadas que os privaram do convívio, da prática da empatia e da construção de relacionamentos saudáveis e não incluem dentro dos seus maiores fracassos, decisões falhas em investimentos, por exemplo?


Para nós, a resposta está nesse elo precioso e na necessidade do seu resgate iminente: o propósito aplicado como pilar de vida. Um propósito que justifique nossas escolhas em todas as áreas, seja no âmbito corporativo, de trabalho e subsistência ou nas nossas relações no convívio em comunidade. Essa seria a primeira pauta na construção de uma economia diferente: vidas com sentido se conectando com outros sentidos, tecendo uma grande teia de significado.


Nessa teia, conceitos como respeito, diversidade, harmonia e sustentabilidade se reconhecem e justificam por si só. Não pela unanimidade, já que propósitos também são distintos e sim pela sua origem: a origem comum de um significado maior.


Este é um cenário onde organizações aprendem a criar e praticar um código de princípios que tem como missão absoluta, servir aos relacionamentos e organizações são o solo fértil onde o ato de se relacionar cresce e se fortalece. O segredo dessa arte está em escolher o caminho que nutre relações livres do fantasma do medo e fundamentadas no respeito.


Essa é a economia que enxergamos nesse futuro que já começou. Ela é mais justa, não apenas pela distribuição mais equitativa de renda – o que é necessário e desejável, mas pela permissão de uma vida com sentido. Ela é mais inclusiva, porque parte das conexões. E ela é mais afetuosa e acolhedora porque, como a nossa querida Brené Brown nos ensina, ela é repleta de “conversas difíceis”, mas também, de “corações plenos”.


Gabriela Evangelista

Publicitária, especialista em Cultura e Desenvolvimento Organizacional, Diretora e Designer Instrucional na Escola Humana de Vida e Negócios.




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