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Foto do escritorClaudia Xavier

A Coragem de se indignar

Atualizado: 1 de abr. de 2021

Ainda que você seja extremamente grato por tudo aquilo que você já tem, ainda assim, você tem a coragem de se indignar justamente por isto?


Coragem de se indignar pelo fato de que você ainda está no mesmo lugar que ontem? De se indignar pelo fato de que ainda não conquistou tudo aquilo que deseja? Coragem de se indignar por ainda não levar a vida que você sempre sonhou?


Pode parecer que estou indo na mão contrária ao que o senso comum vem pregando. Aos movimentos de “Sou Grato” e de “Good Vibes Only” que vemos a todo instante nas redes sociais. Mas o fato é que, somente quando nos indignamos diante do lugar estreito em que nós estamos hoje é que podemos subir um novo degrau na escalada evolutiva do nosso amanhã. Caso contrário, permanecemos no mesmo lugar, sendo o velho você mesmo, tendo as mesmas coisas, fazendo as mesmas coisas, vibrando positivo e sendo grato por aquilo que já existe, chegando até a nos afundarmos em uma Positividade Tóxica que nos distancia de nossas potencialidades.


Sim, é possível ser grato por tudo o que você tem e já conquistou e mesmo assim se sentir horrorizado diante do automatismo em que você está ancorado. No campo emocional sentimentos contraditórios coexistem. Permitindo-se viver esta contradição você pode crescer, evoluir, dar um passo maior em direção a vida que você sempre quis viver.


São a estreiteza e o desconforto sofridos pela nossa essência, pela nossa alma, que nos convidam à transcendência. Este é o chamado para a gente desempacar, para levantar as nossas âncoras.



O problema é que o nosso Ego não gosta de mudar, ele está sempre identificado com algo. A nossa mente está sempre em busca de certezas. Para a mente que vive no automatismo, não é sensato ir para um lugar que ainda não existe, pois há o medo de que tudo aquilo que já existe, venha a se extinguir.


Fazer o que é esperado que façamos só reforça o nosso automatismo, o nosso torpor, a nossa normose. Ao querer agradar nosso ego, aos outros e a moral de nossa cultura, nos perdemos de nós mesmos, da Criação e da própria Vida. Desperdiçamos o nosso potencial.


Da indignação com este lugar estreito em que nós mesmos nos colocamos, e que ainda permanecemos acampados, é que pode surgir uma nova família, uma nova carreira, um novo negócio, um novo relacionamento, uma nova tradição, uma nova moral e uma nova sociedade.


Enquanto não nos indignarmos verdadeiramente com a vida que levamos, ficaremos apenas projetando aquilo que deveria ser, ao invés de agir dentro daquilo que é possível produzir com aquilo que já se tem.


E eu tenho certeza: o que você tem hoje é suficiente para produzir muito mais! Há muito para todos, este é o paradigma da abundância. Mas muitos de nós vivemos na escassez, acreditando que há pouco para muitos.


O que você almeja para você daqui a 2, 5, 10 anos? Você desejará ter a mesma casa, o mesmo carro, o mesmo estilo de vida? Estar no mesmo emprego? Se sim, ótimo! Você pode e deve continuar sendo grato a tudo aquilo que você já tem e conquistou, mesmo que não se sinta totalmente realizado, mas não reclame e não se ressinta de não viver uma vida que você não ousou querer ter.


Uma coisa é certa: não há crescimento na zona de conforto e não há conforto na zona de crescimento.


Para nos aproximarmos de nossos maiores sonhos, precisamos primeiro da coragem de nos indignarmos com a vida que temos hoje. Entretanto, assim como a gratidão pode ser infrutífera, a indignação também pode.


Mais do que somente nos indignarmos, precisamos ter a coragem de nos comprometermos a assumir a difícil missão de produzir, através de nossas próprias ações, os meios para conquistar aquilo que sonhamos, mesmo que o fim não seja exatamente como o idealizado.


E ainda assim, permanecermos dispostos a lutar por aquilo que fará de nós a melhor versão de nós mesmos.


Cláudia Xavier

Coach e terapeuta especializada em Psicologia Transpessoal, publicitária e professora da Escola Humana de Vida e Negócios.

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