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Foto do escritorKarla Zippel

Ver vendo

Atualizado: 22 de ago. de 2021

Por Otto Lara Rezende

“De tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.

Você sai todo o dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.

Como ele era? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima ideia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser que também ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bicho. E vemos? Não, não vemos.

Uma criança vê o que um adulto não vê. Têm olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de tão visto, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe, e muito!!! Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos. É por isso que se instala no coração o monstro da indiferença.”


Ofereço esta provocação a todos aqueles que se importam e buscam alternativas simples e práticas que garantam a qualidade das relações familiares. Comece hoje, agora! Antes de entrar em casa ou depois de fechar o celular, voltando pra casa, ao encontrar seu marido ou esposa, quando encontrar seu filho, (cada um deles, se for o caso) lembre deste texto e abra os olhos do seu coração e olhe pela primeira vez para esta pessoa; todas as vezes de agora em diante, vendo em cada encontro algum detalhe não observado antes. Transmita com seu olhar seu respeito, um abraço, amor e gratidão! Faça disso um treinamento diário e perpétuo. Se quiser compartilhar suas sensações, tudo bem! Mas só não deixe de repetir o treinamento pra sempre e com o maior número de pessoas. É um jeito lindo de fazer a vida valer a pena. Eu acredito nisso.


Karla Zippel

Graduada em Filosofia

Pós-graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional

Especialista em NeuroEducação. Colaboradora da Escola Humana de Vida e Negócios.

Instagram: @KarlaZippel12

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