Recentemente tivemos a honra de receber no nosso “Vozes Humanas”, o Luiz Eduardo Serafim, para a gravação de mais um episódio do nosso podcast.
Serafim é daquelas pessoas que está na vida com a presença máxima e que prova para nós que é possível desenvolver e abraçar vários talentos ao mesmo tempo. Ele é pai, músico, professor, consultor e líder de inovação da 3M do Brasil (junto com outras múltiplas tarefas). Entre os muitos insights que ele deixou na sua fala generosa, um deles tocou forte em mim: a ideia de que a criatividade não pode ser vista apenas com um olhar mecanicista que define seu uso como um recurso para “resolver problemas”, mas sim, com aquele olhar amplo de quem abraça a rotina com magia e sabe que, o pequeno gesto de colher uma flor no jardim para enfeitar a casa ou preparar uma música especial para tocar no aniversário da sua mãe, são atos criativos por essência.
Fiquei refletindo sobre a “missão-do-líder-criativo”, exigência cada vez mais presente nas organizações. Sim, exigência, o “tem que”. Junto com o pensamento analítico, sistêmico e crítico e tantas outras características que são esperadas da liderança de hoje. Para “cumprir” com mais essa tarefa, o líder corre atrás de diversas ferramentas que possam estimular a prática da criatividade nele (mesmo que nunca tenha se considerado uma pessoa criativa) e na sua equipe. Isso para buscar desesperadamente a inovação disruptiva que colocará a empresa à frente dos seus concorrentes”.
Não somos contra as ferramentas de estímulo à criatividade e muito menos ao desenvolvimento de ambientes que facilitem esses processos criativos. Mas essa corrida insana atrás da inovação que “precisa” resolver problemas, custe o que custar, não nos parece sustentável. Ela soa falsa, fabricada, encaixotada em pacotes de fórmulas que até podem trazer um movimento dentro da organização, mas que não se sustentam no tempo e no espaço.
Acreditamos numa liderança naturalmente criativa, porque essa característica é inata, intuitiva, é humana. O que precisamos fazer é apoiar esses líderes nos seus próprios processos de auto descoberta e que, de uma forma singela, ela, a criatividade, vá se fazendo presente nos pequenos gestos diários. A liderança evolutiva – a liderança que buscamos – é inspiradora. Mais do que aplicação de fórmulas ou ferramentas que obviamente têm o seu valor, o líder evolutivo foca em inspirar sua equipe, se apoia em conexões e relacionamentos saudáveis e respeitosos, em criar ambientes que tragam a segurança emocional necessária para que, de dentro dessa comunidade, possam surgir as respostas criativas e disruptivas a problemas ou simplesmente, a mágica maravilhosa de detalhes incrementais que tanto nutrem a evolução de todos.
Gabriela EvangelistaPublicitária, especialista em Cultura e Desenvolvimento Organizacional, Diretora e Designer Instrucional na Escola Humana de Vida e Negócios.
Comments