Integração é um termo que, por si só, já carrega aquela energia de final feliz. É aquela cena dos filmes de família, onde todos acabam dançando juntos e, mesmo os personagens que causaram uma confusão durante a história, acabam encontrando seu lugar e dançando seus passinhos. Tudo parece ganhar leveza e cor.
Integrar, na perspectiva da história criativa, tem bem esse espírito também. E, assim como nos filmes, muitas vezes é preciso dedicar um bom tempo a apresentar todos os personagens, ver o que acontece quando interagem, resolver conflitos, suportar as crises, para então, finalmente, chegar a uma configuração onde é possível sentir o fluxo criativo.
A Psicossíntese, de Roberto Assagioli (método de desenvolvimento psicológico, que sempre cito e citarei aqui nessa coluna, porque me encanta e auxilia há mais de 10 anos) nos apresenta uma comunidade interna, uma visão gentil do nosso ser, povoado por subpersonalidades e sob uma regência muito sábia.
Na prática, isso significa que, quando estou criando algo novo, algumas partes minhas se voluntariam para formar esse grupo de trabalho. Para que eu possa liderar essa equipe com consciência e abrir muitas possibilidades, é importante que eu enxergue quem faz parte desse movimento em mim e qual o equilíbrio necessário para que cada parte minha possa oferecer o seu melhor e ter, tanto o seu talento ofertado, quanto sua necessidade atendida.
A integração é, portanto, o fruto de um tanto de convivência, temperado com um tanto de amor e um tanto de boa vontade. Para quem já teve a experiência de liderar uma equipe, não é novidade dizer que não há fórmula pronta para essa integração e, muito menos, um pacote homogêneo que possa ser aplicado a todos os membros de uma equipe de forma igual, por melhor intencionada que seja a iniciativa de desempenhar uma liderança justa.
Saber ouvir e oferecer os espaços correspondentes ao talento e à necessidade de cada parte desse grupo é uma arte que o diálogo interno das linhas da psicologia transpessoal buscam atender de maneira tão plural e tão respeitosa à sabedoria interna de cada ser.
No universo corporativo, a Comunicação Não Violenta, de Marshall Rosenberg, vem se popularizando e oferecendo campos de integração, nos quais os encontros autênticos e empáticos são cada vez mais possíveis e todas as necessidades humanas são legitimadas. Um ambiente livre das tensões pessoais possibilita um fluxo criativo mais divertido, mais ousado e com muitíssimas possibilidades.
A integração no processo criativo é, portanto, o estado de arte da colaboração. É a banda arrasando no som, o time fazendo um gol atrás do outro, é a cozinha soltando os pratos decorados e na temperatura perfeita para o restaurante…
O fluxo integrativo tem mesmo trilha sonora, perfume de festa e saltos de celebração, clima de Réveillon…
Que esse ano que passou, ainda que tenha nos feito olhar para dentro, de maneira mais compulsória do que curiosa, por conta da pandemia, possa ser celebrado com todas essas partes do nosso ser que, certamente, revelaram-se para nós, mais conscientemente ou menos. Que possamos fechar os olhos, respirar fundo e sentir em nossas células que somos maiores do que éramos, que temos mais e diferentes recursos internos, mesmo que eles tenham se apresentado às custas de eventuais adversidades.
No final do filme de 2021, que possamos dançar e brindar a integração para um 2022 cheio de fluxo e criatividade a todo vapor.
Patrícia Napolitano
Comunicóloga, especializada em Administração de Empresas, Facilitadora de Expressão de Potenciais com Psicossíntese e professora da Escola Humana de Vida e Negócios.
@patricia.criatividade
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