O que você acha que vai resultar em inovação? O trabalho de um grupo de pessoas que cresceram juntas, falam a mesma língua, frequentam os mesmos espaços sociais, têm as mesmas convicções políticas e mesmo gosto musical ou….. Um grupo de gente que vem de cantos diferentes, com profissões distintas, relações diferentes com recursos financeiros, idades variadas e que se informam em mídias diferentes sobre o que está acontecendo no mundo?
A resposta é tão óbvia quanto a probabilidade de produzir mais resultados novos com um estojo cheio de cores do que com um simples pedaço de carvão. Não que um pedaço de qualquer cor não possa ser um mundo inteiro se abrindo, quando empunhado pelo artista talentoso, mas o colorido é quase que a imagem da palavra criatividade, não é?
Pois é… Mas quem disse que ia ser fácil? Trabalhar com gente que vê o mundo por perspectivas tão diferentes implica em muita tolerância, maturidade, coração aberto e, principalmente, respeito. A base de tudo, pra começar a ser possível, é uma brincadeira um pouco assim, olha só.
A gente sai daquele lugar quadrado, que acredita que a gente é uma coisa e o outro é outra…., porque tem um negócio chamado interdependência e a gente tá tudo colado mesmo. Daí a gente pode brincar de olhar pra multidão dentro da gente. Nosso lado mais assim, o outro mais assado e…. Poxa vida! Se é tudo um pedacinho da gente, por que que a gente há de tomar partido?
Também dá pra experimentar o lugar de pai e mãe, principalmente pra quem já sentiu o gostinho da coisa e sabe como é ver briga entre a molecada, se flagrar em julgamentos, mas, ao final, sentir a clareza de ter lugar VIP no coração pra cada um e todos.
É triste, mas que atire a primeira pedra quem não tenha dentro de si aquele mecanismo primitivo e infantil que deseja que suma, se apague aquela turma que incomoda. Ou que vá brincar em outra freguesia. É bem mais fácil lidar com a inteligência artificial, que joga na nossa timeline aquilo que já deu pra calcular que a gente gosta e aprova. Mas e o risco do gesso secar e a gente ficar só por aqui?
As mídias atuais fazem isso aí mesmo e, se não quebrarmos a casca do ovo, a gente vai virando omelete de si mesmo. Afogados na clara de um autoretrato monocromático, achamos que a claridade da vida é aquela luzinha fraca, que entra através da casca quando bate um solzinho. Não dá tempo de ver os outros patinhos, muito menos os cisnes, pra questionar qual é a nossa turma.
Pra fazer um bom colorido, é preciso ter coragem de quebrar as estruturas, muitas vezes aquelas mesmas que nos protegem, olhar para o outro, fazer cara de dúvida e suportar estar ali, vulnerável, sendo observado assim também, sem a menor garantia de aprovação imediata.
E tem mais…. Uma boa paleta de cores, aquela top, pra gerar 1001 novidades, precisa de cores que sustentem suas tonalidades, como num cânone, onde cada cantor precisa confiar na sua linha melódica e seguir em frente. Senão vira uníssono e perde a riqueza.
Às vezes, a voz que chega pertinho da nossa parece nos convencer ou seduzir pra que nos tornemos outra tonalidade…, o que pode muito bem ser também. Essa é a beleza da dança da inovação. Pensou que ia ser fácil? Empunhar o pincel para usar cores em movimento, em constante transformação, não é pra qualquer mestre, mas é para os verdadeiros líderes da inovação.
Sim, ser humano implica em ser único e, yes, estamos em constante mudança, então, se quisermos, de verdade pulsar no fluxo criativo em sua vitalidade, precisaremos ser maestros de orquestras de instrumentos que, eventualmente trocam de mão durante a peça ou musicistas que resolvem sentar em outro lugar.
Se ontem o esforço era dos liderados para se fazerem caber nas caixinhas dos organogramas, hoje, no cenário da inovação, o convite é para que os líderes aprendam a ler entre as caixinhas e aprendam a ler um cockpit com muitos mais botões pra pilotar o voo da criação. Um professor que encoraja criatividade de seus alunos, certamente não será mais aquele que se sente realizado ao ver os alunos em silêncio e em fila, copiando a lousa, memorizando textos, mas sim aquele que encontra a pulsação de seus alunos em seus diferentes campos de interesse e, ele, o líder, sai de seu lugar de conforto para formatar novos caminhos de aprendizados, junto com seus alunos.
Quem disse que ia ser fácil?
O caminho da inovação não simplesmente passa pela diversidade. O ato criativo é quase que a recompensa, pra quem sustentou a tensão que a diversidade causa e logrou integrar.
Mas a gente pode escolher entre olhar pra diversidade como obstáculo ou como preciosa matéria prima para o novo.
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